C-bet: O que é e quando usar?
Quem já buscou estudar poker alguma vez na vida com certeza sabe que as melhores jogadas são aquelas em que a estratégia é montada e seguida pelo jogador desde seu primeiro movimento, ainda no pré-flop, até o fim da mão, seja em qualquer das streets. Nesse caminho, uma jogada comum e que, se bem utilizada, costuma ser lucrativa, é a Continuation Bet, também chamada de C-Bet.
Mas o que de fato é uma c-bet e quando usar esse recurso? Em que situações se deve evitar essa aposta no poker? Como se defender de uma Continuation Bet quando é o adversário que está aplicando essa jogada?
A resposta para todas essas perguntas você vai encontrar abaixo. Primeiro, porém, precisamos explicar de forma clara o que é uma c-bet.
O que é uma Continuation Bet?
Continuation Bet, como o próprio nome já diz, é uma ação no poker identificada como uma “aposta continuada”. Também chamada de c-bet, essa jogada é feita pelo jogador que foi o agressor pré-flop da mão e que, portanto, continua apostando ao ver as cartas do board.
Quando está em posição, esse jogador volta a apostar em alguma das streets seguintes (geralmente no flop), buscando fazer com que seus oponentes desistam do pote e ele fique com as fichas.
Um exemplo clássico de C-bet:
- Pré-flop, o jogador 1, no botão, faz um raise de 3x o Big Blind;
- No small blind, o jogador 2 paga a aposta;
- No flop, o jogador 2 anuncia check;
- O jogador 1, agressor pré-flop e jogando em posição, volta a apostar no flop.
C-bet ou Value Bet?
Quando falamos de Continuation Bet, na literatura do poker, existe uma diferenciação dependendo da fonte de estudos utilizada.
Para alguns estudiosos, só pode ser considerada C-bet uma aposta feita por blefe, ou seja, quando o agressor pré-flop não conecta nenhuma de suas cartas com o board. Caso acerte o flop, nesse caso, o jogador estaria fazendo uma Value Bet.
Já para outros jogadores, C-bet é qualquer aposta do agressor pré-flop nas streets seguintes depois de um check do adversário, mesmo que tenha acertado o flop.
De qualquer modo, não é sempre que essa jogada deve ser utilizada. E é isso o que veremos mais abaixo.
Delayed C-bet
Uma variação da Continuation Bet é a Delayed C-Bet (Aposta Continuada Atrasada) feita no turn ou – mais raramente – no river. Nesse caso, o agressor pré-flop vê seu adversário dar check no flop e aplica um check behind, abrindo mão de apostar nessa street.
Na street seguinte, o turn, o adversário novamente dá check e, aí sim, o agressor original volta a apostar.
Quando usar uma Continuation Bet?
Antes de saber quando usar o recurso da C-bet, entenda que essa jogada tende a ser lucrativa se utilizada da maneira correta porque, em 70% das vezes, seu adversário não vai encontrar as cartas que esperava ver no flop.
Ou seja, a 7 em cada 10 mãos, o jogo do vilão não terá melhorado com as três primeiras cartas do board. Se ele anuncia check no flop, você, como agressor pré-flop, tem a chance de tirá-lo do jogo sem mostrar suas cartas.
Porém, tome cuidado: a lógica dos 70% também vale para as suas cartas e, se seu adversário já estudou poker alguma vez na vida, ele também sabe disso. Portanto, utilizar a C-bet em 100% das vezes que o vilão dá check é um dos erros que você pode cometer no flop.
Para definir quando é o momento de aplicar uma c-bet, é preciso levar alguns quesitos em conta. Vejamos a seguir.
Perfil do adversário
Independentemente do tipo de torneio de poker que você estiver jogando, sempre haverá jogadores de perfis diferentes na mesa. E isso deve impactar diretamente na sua decisão de aplicar ou não uma Continuation Bet após um raise pré-flop.
Contra um adversário mais “maníaco” ou, na linguagem do poker, mais “loose”, é preciso, antes de tudo, se preparar para jogar mais streets além do flop. Isso porque esse jogador costuma não desistir facilmente das mãos e, se tiver qualquer possibilidade de melhorar seu jogo no turn, dependendo do tamanho da sua aposta, ele vai seguir dando call.
Por outro lado, aplicar uma Continuation Bet contra adversários que jogam de forma mais “tight” pode ter um resultado imediato melhor. Esses jogadores, porém, tendem a perceber seu padrão de comportamento de forma mais rápida. Se você insistir na C-bet a todo tempo contra eles, em breve poderá sofrer um check-raise e, se estiver blefando, será obrigado a largar a mão.
Tamanho da aposta
O tamanho da sua aposta em uma C-bet depende da textura apresentada pelas cartas do flop.
Se o board foi dinâmico, ou seja, tiver muitas possibilidades de aumentar a equidade das mãos dos jogadores envolvidos, sua C-bet vai precisar ser maior.
Exemplos de boards dinâmicos são aqueles com cartas conectadas (89J), ou com duas ou três cartas do mesmo naipe. Quanto mais “molhado” for o flop, maior terá que ser a Continuation Bet. Em geral, essas apostas ficam entre 50% e 120% do valor do pote.
Em boards estáticos, por outros lado, não é preciso investir tanto para tirar o vilão da mão. Boards “secos” ou estáticos são aqueles em que as próximas streets dificilmente mudarão a textura do flop (37Q com todas de naipes diferentes, por exemplo). Nesses casos, uma aposta de 20% a 30% do pote será a melhor opção.
Jogando contra C-bet
Da mesma forma que quando você é o agressor, para jogar contra uma Continuation Bet será preciso analisar o perfil do adversário e o tamanho da aposta, combinando as duas informações com a força da sua própria mão.
A grosso modo, existem 3 situações que podem acontecer após o seu call no pré-flop:
- Quando você acerta bem o flop. É a situação mais confortável. Com algo como trinca, sequência ou top pair, você pode optar por dar check-call e ser mais agressivo no turn ou, já no flop, aplicar um check-raise, sob risco de espantar o vilão.
- Quando você tem um draw forte. Aqui, saber o que o oponente costuma fazer é importante. Se a frequência de c-bet dele é alta, provavelmente o call será a melhor opção, para reavaliar a situação no turn. Um check-raise também não está descartado como semi-blefe.
- Quando você não acerta nada. Na maioria das vezes, o fold é a melhor opção. Dependendo do tamanho da aposta, da frequência de C-bet do vilão e se houver alguma possibilidade, como um draw fraco, pode ser que valha a pena optar pelo call para tentar induzir o oponente ao erro no turn.
Photo by Michał Parzuchowski on Unsplash
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